As Crônicas do Gelo e Fogo. O que
falar dessa série de livros tão cultuada, que chegou ao Brasil a relativamente
pouco tempo, e se tornou sucesso absoluto tanto na literatura quanto na
televisão? Vou tentar nesse mesmo post,
falar um pouco sobre todos os (até agora) cinco livros publicados aqui no
Brasil pela editora Leya e escrito pelo americano George R. R. Martin.
O muito saudável George R. R. Martin
Quando As Crônicas do Gelo e Fogo
chegaram no Brasil provocando burburinho, eu mesmo fui um dos que foi pego de
jeito pelo hype. Comecei a assistir a
série (excelente, aliás) da HBO, quase ao mesmo tempo em que comecei a minha
leitura. Composta por sete livros, dois ainda não lançados, as Crônicas do Gelo
e Fogo contam a história de uma terra fictícia, em uma realidade medieval, onde
as estações do ano são malucas e tudo pode acontecer na luta pelo trono de Westeros.
Alguns personagens apresentados
são incríveis, cativantes, coerentes dentro da sua personalidade, enfim,
complexos. Não só personagens como Eddard Stark, Jon Snow, Arya Stark, Tyrion
Lannister, como Cersei Lannister, Petyr Baelish e Sam Tarly. Ao longo dos
livros, nós somos apresentados a pessoas das mais diversas índoles, motivações
e ações, o que nos cativa mais ainda para continuar lendo. Quem nunca precisava
dormir, viu que o próximo capítulo era de um personagem interessante e se
forçou mais um pouquinho?
O enigmático e inteligente Tyrion Lannister
A falta de um protagonista, aliás, não prejudica em nada a história. Se no primeiro livro muitos consideravam Eddard Stark o principal, antes do final do volume George Martin te ensina a não se apegar muito a nenhum personagem específico. Acima de tudo, o maniqueísmo passa longe da obra. Qualquer personagem pode fazer qualquer tipo de ato, certo ou errado, mas nenhum deixa de ser coerente dentro da sua própria lógica, o que é absolutamente fascinante.
Além disso, o protagonista dos
livros é rico, duro e intrigante: a terra de Westeros. Diferente de outras
fantasias medievais, o continente parece ter vida própria, com mudanças de
humor baseadas nas estações do ano e uma capacidade de atrair problemas sem
igual. Cada uma das sete famílias principais representa uma faceta da terra: Os
Starks representam a dureza do inverno impiedoso; os Lannister são a riqueza do
ouro; os Baratheon a capacidade de mudar de humor rapidamente (o que acontece
no livro); os Tyrell, a fertilidade da terra; os Martell mostram o sol
ardoroso; Arryn representam a honra e nobreza; e os Tully representam a importância
que a água tem para o continente, não só os rios (e o tridente
particularmente), mas os mares também, a meu ver. Pode até ser loucura, mas
Westeros tem um pouco de tudo isso.
Em relação aos livros, não
entrarei profundamente na história, mas tentarei falar pontos positivos e
negativos de cada um.
A Guerra dos Tronos – Livro 1
Ótimo livro. Introduz muito bem o
universo e consegue fisgar o leitor desde o primeiro momento. Excelente escrita,
traz até uma ingenuidade, de certa forma. No final começa a apresentar certo
cinismo que será tão presente nas próximas obras. Grande livro, de qualquer forma.
Quem lê até o final fica maluco querendo saber o que acontece! 10 de 10.
Começa muito bem, mas alguns
núcleos já se tornam mais chatos, particularmente aqueles envolvendo Daenerys.
Se no primeiro livro o núcleo dela era interessante e movimentado, aqui parece
que está sempre rodando sem sair do lugar. Mas a leitura ainda é muito
interessante, e consegue te prender para o terceiro. 8 de 10.
A Tormenta de Espadas – Livro 3
O melhor de todos. Movimentado,
com plot twists de cair o queixo, alguns personagens crescem magistralmente, como
Jon Snow, Jaime e Tyrion Lannister, e até o núcleo Targaryen volta a ficar
interessante, ainda que não seja o principal da história. De qualquer forma é incrível.
Chorei de emoção no momento da morte de certo personagem (você não sabe nada Jon Snow!). 11 de 10.
O Festim dos Corvos – Livro 4
Um pouco pior do que o terceiro,
mas ainda um bom livro. Menos movimentado talvez, mas essa sensação
provavelmente se deve ao fato de o terceiro ser movimentado DEMAIS! Pega de
jeito, contudo. Bem-vindos finalmente ao jogo dos tronos, Greyjoy. Te deixa
curioso para saber o que acontecerá no último, porque aqui a história se
divide, e nós acompanhamos somente alguns personagens. Outros serão
apresentados somente no próximo volume, mas durante o mesmo período. 9 de 10.
A Dança dos Dragões – Livro 5
Fechando muito bem a história até
aqui, alguns arcos já começam a mostrar os seus finais ao horizonte. Apesar de
alguns personagens permanecerem com o destino incerto, já é possível ver para
que lado a história se direciona... Ou não! Com a imprevisibilidade de Martin é
possível que nada seja o que parece! 10 de 10.
Enfim, os livros valem muito a
pena. Para essas férias de julho, eu recomendo agressivamente. Já li várias
teorias na internet sobre uma série de personagens, algumas bem criativas até.
Achei todos os livros bons, mas acho que eles partilham de um problema sério: o
excesso. É óbvio que Martin está tentando enrolar em vários momentos, tornando
a leitura por vezes chata, e alongando histórias desinteressantes, ou que não
levam a lugar nenhum. O que ele fez com o Cão de Caça foi um absurdo, na minha
modesta opinião.
Comparado por muitos ao Senhor
dos Anéis, as Crônicas do Gelo e Fogo merecem todo o crédito, mas calma, não é para
tanto. O Senhor dos Anéis é melhor, na
minha opinião, mas isso não tira nem um pouco a qualidade exibida nesses
livros. Vamos torcer agora para que o saudável George R. R. Martin (com seus 64
anos!) consiga concluir o seu épico, que com certeza já está incorporado aos
clássicos da literatura. 10 de 10 para a saga!
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