terça-feira, 23 de abril de 2013

Resenha: Filhos do Fim do Mundo

Minha primeira postagem no blog não será o primeiro livro que eu li esse ano, nem o primeiro depois que eu criei isso aqui, mas o primeiro que eu li depois de ter essa ideia: o livro Filhos do Fim do Mundo, do autor brasileiro Fábio Barreto, publicado pelo selo Fantasy da editora Leya.

Fábio Barreto, autor do livro

Conheci o Barretão no Rapaduracast, assim como um monte de gente, tenho certeza, e sempre fui muito fã dele, de forma que estava ansioso para ler esse livro! A proposta é no mínimo diferente, ainda que as comparações com Filhos da Esperança (2006), filme do diretor Alfonso Cuarón em que as mulheres não conseguem mais engravidar, criando um futuro distópico em que se desenvolve a história.


Na história de Barreto, contudo, o que acontece é que literalmente do dia para a noite, todas as crianças com menos de um ano morrem, e todas as que nascem daí em diante perecem imediatamente após o parto. Animais, plantas e insetos seguem o mesmo padrão. O que se segue, como podemos deduzir a partir do sugestivo título, é basicamente o descarrilamento da sociedade e a tentativa das autoridades de manter a civilização diante da extinção iminente não só da raça humana, como de todas as formas de vida do mundo.Mas eu não vou ficar contando a história do livro, porque nada a ver.


Uma premissa interessante, um autor que sempre me identifiquei e várias opiniões positivas surgindo pela internet, me levaram a uma expectativa que talvez tenha sido muito grande. Não se engane, o livro é bom, interessante, mas eu esperava mais. Mesmo assim, não teria dúvida antes de indicar essa leitura para qualquer amigo.

Em relação aos pontos positivos:

1- Os personagens principais, de uma forma ou de outra, são bem definidos. De fato as motivações e os receios de cada um foi bem estabelecido, e você sabe como cada personagem vai agir, entende como cada um funciona, e isso é louvável,

2- Alguns diálogos realmente interessantes, e mesmo monólogos do Repórter. A leitura realmente te faz ir além, te faz pensar nas suas crenças, nas suas atitudes e na sua motivação, no seu mundo. O livro propõe, levanta, discute, não se fecha em si mesmo. Ótimo.

3- Um fake plot twist no meio do livro que me deixou completamente MALUCO! Me arrepiei absurdamente nessa parte, diante dessa possibilidade! Quem leu o livro sabe do que estou falado ;)

4- O livro é lindo, lindo mesmo. A Casa da Palavra está de parabéns, porque esse é um produto bem diagramado, com uma capa linda, e muito agradável de se ler. Livro-arte.

5- Final ousado, o tipo de final que eu gosto. Gostei da referência que eu acho que vi, e gostei do que aconteceu. Senti o peso dos acontecimentos naquele momento, diferente de outras partes, como escrevo abaixo.

O livro tem alguns problemas ao meu ver:

1- Os acontecimentos são, na minha muitíssima humilde opinião, muito exagerados. Eu realmente não consigo ver como em TRÊS dias, a humanidade conseguiria cagar tudo daquela forma. Desculpa, mas não acredito mesmo. Esse tipo de problema requer um apocalipse gradual, na minha opinião, não instantâneo, e acho que o Barretão exagerou nessa dose.

2- Muita gente elogiou o fato de os personagens e locais presentes na história não terem nome e serem tratados principalmente pela sua função, como o Repórter, a Esposa, o Padre, o Governador. Eu contudo não achei isso tão bom, e explico o porque. Eu acho esse um artifício interessante e útil em um universo relativamente pequeno de personagens, como no excelente filme (e livro) A Estrada, onde acompanhamos somente o pai e o filho, ou  mesmo no livro mais famoso a utilizar esse artifício, Ensaio Sobre a Cegueira, que nunca li, mas já vi o filme e, lá pelo menos, funciona bem e é natural, coerente, orgânico. Neste livro, esse artifício me parece forçado. Que nós os vejamos assim, é uma coisa. Que TODOS os personagens se refiram um ao outro dessa forma não me parece muito orgânico. 

3- A falta de descrição prejudica o livro. Claro que não precisa ser nada em nível Tolkieniano, mas houveram momentos em que eu estava absolutamente tranquilo e de repente percebi que a cena descrita no livro deveria ser emocionante. Infelizmente a falta de descrição realmente não conseguiu passar isso, o que é uma pena.

Mas fora isso, o livro é muito bom. Achei o final ousado e com uma referência interessante, algo de se esperar de uma fã de ficção científica como o Barretão. Enfim, Recomendo a todos. Nota 8 de 10, belo livro, bela leitura, que me pegou com expectativas muito altas, mas entrega uma boa história!


por Yuri Rebêlo.

Blog novo!

Então, quem estiver lendo isso, é o seguinte: A proposta desse blog é bem simples, rápida, fácil e direta: ler e resenhar um livro por semana, PELO MENOS até o fim do ano. Tô me esforçando já para a tarefa, e espero cumpri-la com sucesso!

Falando sobre mim, acho que basta saber que eu sempre adorei ler! Sou louco por Agatha Christhie (e quem não é?), e mais recentemente entrei de cabeça na literatura histórica com Bernard Cornwell! Também já li de Tolkien, Simenon, Rendell, Rowling, Sheldon, e um monte de coisa! Acho que isso diz mais do que o necessário para começar o blog. Para o eu do futuro que estiver lendo isso:

 Divirta-se!

Yuri Rebêlo